A história da New Age Music pelos óculos de Aurio Corrá
Capítulo 1
Na contracultura do início dos anos 60 e meados dos anos 70, na cidade de São francisco, na Costa Oeste dos Estados Unidos, um anti-establishment - um movimento pós-beat, os hippies, que preconizavam o movimento Flower Power, o termo foi utilizado pela primeira vez pelo poeta Allen Ginsberg em 1965, e foram mais além, criando um estilo de vida que pregava o amor livre, o respeito ao meio ambiente, o pacifismo e uma vida mais simples e desapegada - se desenvolveu rapidamente e muitas pessoas começaram a questionar suas vidas e a sociedade. Tensões de toda ordem surgiam, associadas a várias questões como a guerra fria, a violência, o capitalismo, a democracia, a sexualidade, os direitos das mulheres, a religião, o sonho americano, entre outras. Isto se dava por várias razões, porém, em boa parte por conta de um grande número de Gurus vindos do Oriente que aportaram nos Estados Unidos no final da década de 50 e início de 60. Em 1968, Srila Prabhupada fundou, nas colinas do Oeste da Virgínia, a primeira comunidade rural da consciência de Krishna.
Na década de 60, por influência direta do pensamento Oriental bem como das filosofias do Hinduísmo, Budismo e Taoísmo, propostas pelo pensador e filósofo Alan Watts, e pelas ideias de um "admirável mundo novo" do escritor Aldous Huxley, entre outros, houve uma explosão do pensamento e das filosofias espiritualistas, que pipocavam em todos os centros de cultura esotérica, com teorias e práticas vindas diretamente do velho mundo. Diferentemente da passada cultura beat intelectual, os novos hippies colocavam em prática as técnicas orientais da meditação, do Yoga, do Tai Chi Chuan, da Acupuntura chinesa e da medicina Ayurveda, das massagens terapêuticas e da alimentação macrobiótica vindas do Japão, da astrologia e de todos os tipos de conhecimento místicos alternativos e holísticos. Paralelamente, havia uma grande revolução nas técnicas e na aplicação da psicanálise, encabeçada por grandes nomes da psicanálise moderna, embasada por todo este momento visionário.
Em 1966, isso já se demonstrava no célebre encontro dos Beatles, na Índia, com o mestre Ravi Shankar e sua música. Shankar havia participado do Festival de Monterrey na Califórnia, em 1967 e, em 1969, do Festival de Woodstock na cidade de Bethel, no Estado de Nova York, ao lado de Jimi Hendrix, Joe Cocker, Janis Joplin e outros. Ele ministrava aulas nas universidades de Nova York e Los Angeles, e a partir de 1970 dirigiu o Departamento de Música Indiana no California Institute of the Arts. Tudo isso se espalhava rapidamente pelo território yankee.
Muitos jovens da época, desiludidos com a cultura americana, foram atraídos para essas práticas e atividades, que passaram a ser cultuadas, estudadas e levadas muito a sério por
essa nova geração, os baby boomers. Tudo isso era uma revolução que só podia estar vindo
de uma grande “conjunção cósmica” e obviamente precisava de uma trilha sonora "espiritual", uma forma de música que fosse menos agressiva do que o rock psicodélico vigente naquele momento e que poderia servir como música de fundo relaxante e terapêutico para uma Nova Era. Por outro lado, no outro extremo, músicos e engenheiros de som, trancafiados em seus estúdios experimentais, faziam vislumbrar os primeiros raios sonoros da música eletrônica. Nascia a música experimental, que exerceu forte influência sobre a New Age Music. Já na década de 70, nomes como Brian Eno, Tangerine Dream, Popol Vuh, Terry Riley, Jean Michel Jarre, Kitaro, Isao Tomita, Klaus Schulze e Peter Michael Hamel arrancavam de seus sintetizadores Moog, Mellotron, Prophet 5, Arp Odyssey, Synclavier, os primeiros sons espaciais e meditativos. Continua...
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