Certa vez, assisti a uma entrevista com a saudosa e engraçadíssima Derci Gonçalves.
Num certo momento, a entrevistadora, de supetão, perguntou: "Derci, quando você vai morrer?" A experiente atriz da pornochanchada devolveu a bola com uma bomba: "Quando eu quiser!!!" Quem já não assistiu a algumas personalidades sendo entrevistadas, nos bate-papos de palco do "Domingão do Faustão", e pregando um otimismo de segunda mão feito de frases prontas do tipo: “Eu só penso na vida. Na morte vou pensar quando ela chegar...” ou “Não penso na morte, agora quero viver, então, só penso na vida...", ou ainda, “Para que pensar na morte se eu ainda estou vivo?" Temos aí dois exemplos populares e clássicos da mentalidade moderna. Fomos educados para nunca pensarmos na morte. Os antigos diziam que pensar na morte poderia atraí-la antes da hora. Ainda bem que isso ficou no passado! Somos os únicos animais na
Terra que sabemos que vamos morrer. Isso é a única certeza que podemos ter por toda a vida, nada mais é real além da morte no final de tudo. Se temos essa certeza, por que evitamos pensar na morte?
Por causa do ego, meu caro Watson!!! Esse cara é que não quer morrer, ele foi educado e preparado para acreditar que é eterno ou pelo menos jogar essa ideia da morte para o último dia depois que completar 125 anos. Estamos presos a uma cultura que teme a morte.
Uma das coisas que mais me impressionam na filosofia estoica ou estoicismo é o “memento mori”, que significa meditarmos sobre a nossa morte. Tenho feito isso e me dado muito bem ao longo da minha vida. A morte chegará para todos uma hora ou outra, inclusive para você, meu querido amigo.
O estoicismo nasce na Roma antiga, por volta de 50-100 d.C., como uma filosofia, um modo de vida – similar a uma religião. Dois mil anos depois, a velha filosofia criada na Grécia está desfrutando de um renascimento, e não é difícil entender o porquê. O principal objetivo do estoicismo antigo era descobrir e praticar a melhor maneira de viver. Afinal, estamos correndo atrás de quê, hoje em dia? Sim, corremos atrás de melhor qualidade de vida. Acontece que passamos a fazer isso por conta própria, usando ferramentas erradas, mas eis que surge uma luz nas trevas da nossa ignorância, os ensinamentos do estoicismo, seus fundamentos – o que muitos consideraram “a chave para a arte de viver”. Uma filosofia tão relevante agora quanto há alguns milhares de anos. Ela nos disponibiliza concepções, delineamentos e planos de como reagir e responder a uma série de situações diferentes, sendo que uma delas é a incapacidade de lidarmos com a morte de maneira tranquila. Seus princípios complementam os de muitas outras filosofias, religiões e modos de vida.
Ver o fato da morte nos arrepia, mas não há outro jeito de viver sem ver que ela é real. Precisamos refletir sobre isso!!! Quem sabe tomar um café com a morte, conversar com ela, fazer as pazes com a “garota da foice”, afinal, ela não é tão má, apenas tem um emprego e cumpre as ordens da Mãe Natureza. Trocar umas ideias com “ela” pode ser uma boa, vai que ela te dá umas “dicas” do que fazer na hora H. Não estou dizendo que precisamos pensar nisso 24 horas por dia, mas, pelo menos, considerar a possibilidade de morrermos na semana que vem. Talvez esse pensamento te afaste um pouco do celular e das redes sociais, talvez você repense o tempo que fica longe da sua família, dos seus filhos, dos seus amigos, da natureza. Pensar na morte pode acabar com o sofrimento de desejar a juventude eterna, quem sabe você olhará, no espelho, para os seus "sinais do tempo" e até achará que eles são bonitos. Não estou jogando ninguém para baixo ou tirando sua autoestima. Ao contrário, estou tirando de você – como tirei de mim – o conflito, a batalha entre a vida e a morte, uma luta que não se justifica existe, pois a vida e a morte são uma única e mesma coisa... essa sábia filosofia vai te ensinar que, a cada dia que você se aproxima da morte, é a hora em que mais você deve viver, que vai te encorajar a fazer as coisas importantes da vida no presente, aqui e agora, sem procrastinar, deixando as besteiras ou preocupações tolas de lado.
O estoicismo me fez muito bem, me deu uma vida digna e compreensão nas horas mais difíceis, aprendi a não sair do meu eixo, aconteça o que acontecer. Essa filosofia traz um “modus vivendi” mais do que atual nos dias de hoje. Pesquise, saiba mais sobre ela, vá atrás. Estoicismo é compreender que todos os seres humanos pertencem a um mesmo “macrocosmo” – significa compreender, retirar de todos os seres humanos as suas diferenças, ou seja, somos todos iguais, em natureza. É entender que a natureza é a causa da origem de tudo. "Você vai Morrer!" "Você é Mortal!" Epicteto acreditava que lembrar que somos mortais nos leva a perder o medo da morte, a escolher o que é importante para o bem viver, ser humildes e superarmos as dificuldades da vida. Não sou otimista e muito menos pessimista, sou realista. Tenho trabalhado muito essa questão dentro de mim, e sinto que os resultados sempre foram muito bons. Isto é um BLOG e é aqui que despejamos tudo de bom e de ruim que temos, é aqui que expomos a nossa vida, é aqui que abrimos o diário, e este texto é uma parte dele. OM Shanti!
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