Meu processo interior de composição é variável. Algumas vezes, ele flui como um rio que corre lentamente até formar uma cascata, outras vezes, tudo aflora em minha mente como uma forte enxurrada, em outras, ainda, surge como uma grande onda que se choca contra os rochedos da encosta, um choque, um estalo... num minuto, a minha mente está vazia, no minuto seguinte, absolutamente cheia, preciso ser rápido quando isso ocorre, papel pautado e caneta para não perder a melodia... e muitas vezes o processo se dá pelo esgotamento! Começo a trabalhar no estúdio e nada acontece, as horas passam e nada chega, tudo o que faço parece ser inútil, sem valor algum, e continuo insistindo até a exaustão. Quando chego a esse estágio extremo, percebo que, pelo cansaço e pela exaustão, meu ego se desmancha, desaparece, dando lugar à inspiração... e a enxurrada acontece. No meu processo de composição nada é programado, tudo acontece espontaneamente. Evito ao máximo a interferência do processo cerebral. Considero esse tempo vazio
uma meditação, um silenciar dos processos condicionados, abro espaço dentro de mim, silencio os condicionamentos para que surja um elo com o inconsciente coletivo, onde o acesso a outras dimensões se torna possível. É quando abandono o consciente e permito que o inconsciente venha à tona.
As sensações desse estranho processo de criação são bem difíceis de explicar...
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